10 de outubro de 2013

Mezzanine - Massive Attack




Espécie: Trip Hop

Data: 1998

Natural de: Bristol, Inglaterra

No cardume: Portishead e Tricky



O espaço do meu escritório e de 3x4 assim, eu pouco me movimento quando escuto uma música mas com Massive Attack as coisas não são as mesmas e eu danço por todo o quarto. O mais engraçado disso tudo é que eu nem sei dançar mas enfim, o fato é que eu adoro trip hop, músicas como as da banda Portishead com certeza um próximo peixe aqui no blog me fazem pirar e o Massive Attack é o carro chefe deste tão novo estilo então nada mais justo do que inaugurar esse chiado nervoso, a mistura inusitada de hip-hop, soul e jazz diretamente  de Bristol, Inglaterra que é o Trip Hop com eles.

O Massive Attack foi formado em meados de 1988 pelo trio Robert del Naja, vulgo 3D, Grant Marshal, conhecido como Daddy G e Andrew Vowles, apelidado de Mushroom. Emergido dos bares de Bristol com uma sonzeira frenetica ainda sem nome o grupo veio a gravar seu primeiro álbum em 1991 Blue Lines em downtempo (lenta), marcada por downbeats ( batidas desaceleradas, menos de 120 bpm) e pelo uso de instrumentos convencionais e acústicos.nascia  o Trip Hop termo cunhado pela revista Mixmag em 1995 para definir o póstumo  Maxinquaye de Tricky.

Com o passar do tempo muita coisa mudou, eles se formaram mais sólidos e conquistaram o grande publico. Com o disco Protection de 1994 suas músicas passam a serem ouvidas nas radios, filmes e series como o batido hit Karmacoma  o grupo enfim  alcança grande sucesso internacional.

Enfim, em 1998 chega Mezzanine, o peixe que penduro hoje. O álbum começa lento, com um marca compasso repetente, lembrando Time do Pink Floyd, depois love you, love you, love you, love you antecede a entrada de distorcidas guitarras que vão marcar o disco até o final. O álbum é bem cosmopolita, explorando a batida de várias culturas musicais como a faixa Inertia Creep inspirada na experiência de 3D em Istambul, Turquia. O álbum traz a conhecidissima faixa Teardrop na voz de Elizabeth Fraser, com versões de Elbow, Incubus, Simple Minds entre outros a música é mais do que muito reproduzida pela mídia. A gravação do álbum dizem as más línguas foi muito conturbada, com 3D aos berros ditando tudo a seu gosto, tal desentendimento acabou levando a saida de Mushroom do grupo logo após a turne.

Então é isso galerinha, agora me despeço e guardai em bons pensamentos o que aqui leres, ouvires, sentistes...








                                         

Group Four, um podoroso hit do Massive




Músicas

1. Angel
2. Resingson
3. Teardrop
4. Inertia Creeps
5. Exchange
6. Dissolved Girl
7. Man Next Door
8. Black Milk
9. Mezzanine
10. Group Four
11. (Exchange)
12. Superpredator


30 de setembro de 2013

Closing Time - Tom Waits











Espécie: Folk

Data: 1973

Natural de: Pomona, California, EUA

No cardume: Bruce Springsteen, Rod Steart e Bob Dylan



Tom Waits nasceu em 1949 em Poloma, um condado qualquer da ensolarada California. Com 15 anos de idade ja tocava piano, violino e violão e se divertia com seu gravador no porão da pequena casa em Los Angeles, California. Não é a toa que se tornou um grande músico, com 17 anos de idade já tinha uma banda formada, com 19 anos se mudou para Los Passos, California para casa de sua madrinha, la pode ter mais liberdade para tocar seus instrumentos pois a casa era isolada, sem vizinhos.

Muito tempo depois gravou Closing Time, seu primeiro álbum muito aclamado pela critica por trazer de volta a tona um estilo já a muito esquecido: apenas voz e piano. Closing Time foi seu grande álbum de estreia e o firmou como um grande músico da era moderna. Com 250 mil visualizações o link Closing Time Full Albun de Tom Waits é um hit, é muito provavel que eu não possa mais escutar algo tão imaculado quando este álbum, melancólico, pesado, longínquo o álbum é uma verdadeira preciosidade. Quando muitos desconfiavam que o artista iria sumir da cena musical ele retorna em grande estilo com a regravação de Closing Times em 1990, um pouco mais encorpado e produzido Closing Times de 1990 é uma revisitação aos anos 70.

Feio como o cão, não é a toa que interpretou o anjo expulso em "O Mundo Imaginário do Dr.Parnassus" excelente filme de fantasia que desde já recomendo e coloco abaixo junto com minha música preferida do álbum e o link. Feio mas um gênio é este peixe raro que penduro hoje: Senhoras e Senhores Tom Waits.





Trailer do filme citado "O Mundo Imaginário do Dr.Parnassus".


Ice Cream Man, nona música do peixe de hoje e minha preferida




Músicas

.1. Ol '55 
                            2. I Hope That I Don't Fall in Love with You  

3. Virginia Avenue  

4. Old Shoes (& Picture Postcards)  

5. Midnight Lullaby  

6. Martha 


7.Rosie  

8. Lonely

9. Ice Cream Man  

10. Little Trip to Heaven (On the Wings of Your Love)  

11. Grapefruit Moon 

12. Closing Time



Baixar

15 de maio de 2013

Heart Of the Congos - The Congos



Espécie: Reggae

Data: 1977

Natural de: Kingston, Jamaica

No cardume: Bob Marley, Jackie Mittoo e Peter Tosh




Quando eu descobri The Congos logo depois de escutar a música Fisherman numa roda de maconha na USP Leste aonde eu estudo eu me dei conta de que ainda não conhecia algo muito precioso me dei conta disso pela singularidade da música, singularidade não é bem a palavra, a palavra é algum adjetivo comum as coisas que no meio de uma brisa sinistra, largado no sofa te despertam, te aguçam e tem o poder de fazer a mente voar mesmo que o corpo, pesado, continue largado entre as almofadas.

Quando mais tarde procurei Fisherman no Youtube me deparei com o The Congos e sua batida de maringa seu gingado africano que agora pude distinguir muito melhor do que aquele simples despertar que me veio naquela tarde pós-aula.

Quando eu me despedi da música a um tempo atras, parei de tocar guitarra e abandonei o blog eu achava que nada iria me despertar de novo esse sentimento tão único mas a vida é uma caixinha de surpresas e cá estou eu de novo escrevendo enquanto ouço o album que penduro hoje.

The Congos traz uma nova visão sobre o Reggae uma visão de esperança, de renovação de mais prestígio nas vozes e mãos de Cedric Myton, que já havia tocado no grupo The Tartans no final da decada de 60 e seu amigo Roy Johnson, eles começaram gravando single "At The Feast". Com a adição de Watty Burnett recomendado pelo badalado produtor Lee "Scratch" Perry, Heart of the Congos gravado no renomado estúdio Black Ark  em 1977, é considerado um dos maiores álbuns de reggae de raiz de todos os tempos.

Logo depois do lançamento do disco, o grupo se desentendeu com o produtor por uma richa que surgiu com a famosissima Island Records de Bob Marley. Sem Perry o grupo continuou gravando alguns discos mas nada se igualou a Heart of the Congos com a originalidade gritante de Perry, em 1980 o grupo se separa, Johnson vai pra carreira solo, Burnett some do cenario musical e apenas Myton continua gravando sob o brasão do The Congos constantemente trocando os músicos da formação. Em meados de 1990 o grupo retoma o trio original do renomado disco e para nossa alegria, continuam juntos até hoje.

Eu não sabia que eles eram tão pouco conhecidos o link de download que eu aqui postei eu peguei num site chamado "Sweet Rare Reggae", Rare, ou seja raro. Mas mesmo sendo tão raros para o publico em geral foram de grande peso no cenário do Reggae Jamaicano influenciando músicos como Bob Marley, Peter Tosh e Mario Ovanoe entre muitos outros.

Agora eu me despeço, abaixo temos o link e o vídeo da música que me trouxe esse raro peixe grande. Muito Axé.





Cedric Myton, Roy Johnson e Val Douglas que veio a se juntar com a dupla mais tarde.

Músicas

1. Fisherman
2. Congoman
3. Open Up the Gate
4. Children Crying
5. La La Bam Bam
6. Can't Come In
7. Sodom and Gomorrow
8. The Wronh Thing
9. Ark of the Convenant
10. Solid Foundation


29 de maio de 2012

Kakusei - DJ Krush




How I see the future... What I strongly have in my mind is the reform of consciousness rather than mental. Neither something that's religious or scientific. I think that the ideal thoughts and views that have good sides of both will gradualy spread in the 21st century. The thoughts for human beings to live in symbiosis with the nature. I don't think anyone can forsee one future in exacts and detailed ways. But every second you live you are influenced you feel. your thought and favors changes in a lot of different ways. I think my future is where I end up after your mind envolved from repeating all such experiences. The way I interpret "future" is that it s an image out of past experiences. You can see, hear and feel various different things in the past, such past experiences becomes present and what you can image right now is the future. 



Espécie: Hip-Hop, Trip-Hop


Data: 1994-

Natural de: Toquio, Japão

No cardume: El-P, DJ Shadow, Fila Brazillia




Dificil de imaginar algo como isso: 1 filme, Wild Style, 1 tempo, 1983 e nunca mais alcançaram as consequencias...   Revendo a coisa aqui, o trabalho influenciou gigantes como Cypress Hill, Beastie Boys, Common, Jurassic 5,  mas como sempre, como venho comprovando cada vez mais, foi quando a porcaria acertou o Japão que a situação ficou seria. Em 1984, um japonês em crise existencial ( como 90 % dos japoneses) chamado Ideaki Ishi assistiu Wild Style e a historia da música eletronica tremeu.  Ideaki Ishi, levantou daquela poltrona mudado para sempre. Alucinado com o filme correu Toquio inteira atras de mixers, discos, referencias colocou uma coisa na sua cabeça: faria daquele filme, seu universo. Quando um japonês coloca algo na cabeça da nisso: em 1994, já como DJ renomado, ele gravaria seu primeiro trabalho Krush e em 1999, o que trago aqui hoje, Kakusei o confirmaria definitivamente como o filho prodígio de Wild Style. Hoje, DJ Krush é considerado um dos pioneiros no Hip-Hop japonês e revolucionario da cena eletronica com um som experimental, instrumental e ousado numa época onde Hip-Hop era sinonimo de Rap Afro-Americano.

Pra arejar um pouco o cheiro de mofo que anda rondando este buraco, penduro hoje um invertebrado, vai, quase do nosso século: DJ Krush.






Músicas:

1. Intro
2 Escapee (featuring a.s.a.)
3. Parallel Distortion (featuring DJ Sak)
4. Inorganizm (featuring DJ Kensei & DJ Hide)
5. Deltaforest (featuring Jun Sawada)
6. Crimson
7. The Dawn (featuring Shawn J. Period)
8. Interlude
9. 85 Loop
10. Rust (featuring KK of the Lo-Vibes Crew)
11.1200 (featuring Hideo)
12. Krushed Wall (with Rhythm Troops)
13. The Kinetics (featuring Mista Sinista of the X-Ecutioners)
14. Final Home
15. No More (featuring DJ Ya & DJ Hazu)
16. Outro
17. Final Home (featuring Esthero)

15 de novembro de 2011

Tago Mago - Can






"Take a light shining on the land,
off the wall, Up and down, free everything, what you feel is all gone. You can make everything what you want with your head, You're OK and be aware everywhere with your mind...
You just can't give them no more."
(Paperhouse)

"Imagine uma luz brilhando na terra, fora da parede... Pra cima, pra baixo, tudo está livre, o que você sentia já passou. Você pode fazer tudo o que quiser com a mente. Você está bem mas fique atento com sua mente... Você só não pode mais se dar pra eles"
(Paperhouse)


Espécie: Krautrock/Rock Psicodélico

Data: 1968-1979

Pescadores afirmam terem revisto o peixe em 1989 e em 1991

Natural de: Colônia, Alemanha.

No cardume: Gong, Amon Düül e Tangerine Dream
 

Eu era um cotoco quando ouvi Santana pela primeira vez. Estava na casa da minha madrinha... Entre peças de ceramica e quadros a Salvador Dali... talvez tivesse um insenso aceso .... e o Santana, acho que era um VHS .... 

Provavelmente estava na idade de comecar a reter imagens na cabeça ou a música me deu um momento mais lucido, nao sei, mas aquilo tudo ficou misturado em uma só lembrança: a ideia de um mundo magico, paralelo, de seres mais superiores ainda do que os adultos, ou pelo menos, de seres mais compreensiveis e proximos, e por muito tempo, sem saber, eu busquei ter aquela impressão de novo.

Acho que foi isso que me encantou quando, vou tentar ser cronologico, conheci Nash, Still e Young atraves de um professor de ingles e com o tempo, passei a perambular entre Emerson, Lake and Palmer, King Crimson e os fantásticos do Gong...

Nada daquilo parecia fazer parte do nosso mundo e eu, nessa epoca com 14 anos, epoca onde o mundo já não parece mesmo grande coisa, gostei daquela sensação.

Redescobri Pink Floyd (meus pais tem uma coleção de LPs do Pink, que sempre foi proximo de mim), redescobri um canto do mundo tão essencial no começo da adolescencia, um canto onde eu não precisava ser lucido, responsavel, serio: em frente ao computador, pesquisando musica... 

E pesquisando musica, eu conheci, não antes de muito texto, de muito procurar, de muito ligar referencias e referencias, o melhor de  todos esses mundos doidos: Can










Músicas:

1. Paperhouse
2. Mushroom
3. Oh Yeah
4. Halleluhwah
5. Aumgn
6. Peking O
7. Bring Me a Coffee or Tea



30 de setembro de 2011

Concerto para piano No 2, em Lá Maior - Franz Liszt




"Ela deu um suspiro profundo, como se quisesse dizer que ele não estava tentando compreender.
- O jogo é fingir, é fazer os movimentos da vida, mas não é para viver.
- A escola é a vida.
- Não. - Rynn balançou a cabeça com tanta força que foi preciso afastar dos olhos os longos cabelos. - A escola é ter pessoas lhe dizendo o que é viver, sem deixar que você descubra por si mesmo.
- Mas é preciso ir à escola.
- Para quê?
- Para aprender alguma coisa.
- Tais como...?
- Ler e escrever, e...
- E eu não sei ler, eu não sei escrever?
- Muito bem, porque seu pai lhe ensinou. E o que diz de quem não tem um pai como o seu?
- Alguma vez me referi a outra pessoa, além de mim mesma? Se você gosta da escola, tanto melhor para você.
- Exceto que eu não acredito que você esteja dizendo o que pensa.
- Por que teria eu de querer que todos fossem iguais a mim, quando eu não quero ser como todo mundo?"

(A menina no fim da rua)



Espécie: Música Clássica/Romantismo

Data: 1811-1886

Natural de: Doborján, Reino da Hungria 

No cardume: Johannes Brahms, Franz Shubert e Frédéric Chopin


Sim, eu vou pro inferno por misturar Joy Division com Chopin mas é isto mesmo, estou falando sobre música clássica e apesar de parecer uma péssima idéia, pelo menos até este momento, não me arrependi.
O fato é que já passamos um pouco pelo cinema no post do "Jackie Mittoo" e hoje é a vez da literatura, que atraves do livro " A menina do fim da rua" de Laird Koenig, me mostrou que a música classica pode ser interessante quando descobri, no meio do mundo surreal da garota Rynn, o gênio Franz Liszt.
Quem entende diz que uma grande diferença entre o conto e o romance é o momento em que o autor "joga sua carta mais alta" e fisga o leitor: o conto deve faze-lo de imediato (Machado de Assis que o diga) já o romance pode faze-lo aos poucos, de susto em susto, de passagem a passagem."A menina do fim da rua", se seguirmos esse criterio, com certeza é um conto.

Numa narrativa tensa, sutil, sincopada e essencialmente não só visual, mas sensorial , Laird Koenig nos embala pela historia fascinante e excitante de uma menina que, planejou com o pai, consciente de ser portador de uma doença terminal, uma realidade fantástica e surreal e que apos a morte deste, se esforça para manter, convencendo a todos de que o pai ainda mora com ela na casa. O cinismo, puro, original, inteligente sempre me atraiu (a quem não atrairia?), e é pra mim hoje um sinonimo de Rynn, a menina, que com uma leveza e clareza surpreendente, passa o enredo tentando manter seu mundo planejado, magico protegido dos adultos.

Tá, leiam o livro, agora voltando aquela ideia da música clássica, vamos ter que voltar um pouquinho na história, coisa pouca, lá pelo Brasil-Colônia... então concentrem-se:

Alem do talento inato, Franz desde pequeno recebeu a melhor educação em músca e apesar de segundo ele ter sido as apresentações periodicas dos ciganos sua maior influencia, desde pequeno viveu cercado das melhores influencias musicais posssiveis que sua familia, sem grandes posses, podia oferecer.

A real era que o pai de Franz, Adam Liszt, tinha sido obrigado a encerrar seus estudos de música na juventude e mesmo depois alcançando algum prestigio, no geral, era um músico mais ou menos frustrado, ou seja, mais cedo ou mais tarde, quando o pequeno Franz sentou no piano pra ver que merda que eram aquelas listras brancas e pretas, seu velho ficou louco, passou a mandar carta pra todos os Playboys, principes, burgueses da epoca pra conseguir pagar os estudos de música do filho e Franz nunca mais desceu daquele banquinho.

Assim passou por Carl Czerny, Antonio Salieri e foi parar no Conservatorio de Paris. Bom, vou parar de falar de nomes que não m dizem nada, estou pisando em um terreno desconhecido aqui então antes que eu fale mais merda vamos ao que interessa:

Em 1840, periodo considerado ainda longe da sua "maturidade musical", Franz Liszt compos Concerto para piano No 2. A peça ( haushsuas... não sei se esse é o termo certo) foi escondida por quase 20 anos, sendo interpretada pela primeira vez apenas em 1857, pelas mãos justamente daquele a quem ela foi dedicada, o aluno prodigio Hans von Bronsart.

Nas palavras de quem entende, Concerto para piano No 2 é uma peça bem menos extravagante e virtuosa que a No 1 mas apresenta uma profunda originalidade tanto na forma já que apesar de ser um Concerto para piano, o piano não parece conduzir arrogantemente a peça como era o costume mas apenas sugere as linhas mudando levemente o tema, como nas suas linhas inovadoras, independentes de qualquer movimento ou tendencia da época.

Nas palavras de quem não entende, eu, Concerto pra piano No 2 é uma dos únicos representantes da música clássica que eu consigo ouvir com frequencia primeiro por, como os criticos disseram, ela não ter geral, um tom extravagante e pretensioso mas também por ela não ser repetitiva, não ser fechada, autoritaria tendo várias pausas e vacilos que te deixam viajar e realmente sentir a música. Acho que Concerto pra piano No 2 ( putz.. preciso abreviar esse nome) é justamente aúdivel, e era isso que eu queria dizer até agora, porque a peça não parece querer contar uma historia, não tem temas gerais que te sugerem sentimentos concretos: raiva, tristeza, alegria, mas parece desumanizada, alheia, aberta e principalmente porque aquelas linhas estridentes de violinos no geral ficam em segundo plano, perdem pros graves violoncelos, pro sopro e isso é bom, acho aquelas linhas de violino muito irritantes.

Então é isso meu, tá servido?: Concerto pra piano No 2, em Lá Maior com Sviatoslav Richter no piano e a Orquestra Simfonica de Londres sobre a regencia do maestro Kyril Kondrashin de fundo. Um peixe exótico hein !






Músicas:

Concerto pra piano N°2, em Lá Maior dividido em 4 andamentos distintos

(É, voces não sabiam mas eu fiz 5 anos de teoria musical na ULM/Emesp, não é bagunçado assim não bixo)

1. Adagio sostenuto assai - Allegro agitato assai
2. Allegro moderato
3. Allegro deciso - Marziale un poco meno allegro
4. Allegro animato



15 de julho de 2011

Transa - Caetano Veloso



Espécie: MPB/Tropicalismo 
Data: 1942-
Natural de: Santo Amaro da Purificação, Bahia, Brasil 
No cardume: Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão e Maria Bethânia

Fiquei sabendo deste peixe ha um tempo atras, uns meses antes de começar o blog, atraves de um professor de literatura meu (WTF?). Pois é, o rolo é que a materia estava comecando com uma revisao da literatura brasileira, estavamos estudando um dos primeiros periodos literários que, mesmo com a proibicao da imprensa e o caramba, teve gracas ao jeitinho brasileiro, uma versão com um "tapa tupi": o Barroco. E no meio da coisa toda, inevitavelmente o professor chegou ao poeta Gregorio de Matos e nos passou uma ficha com um dos seus poemas mais fortes:

Triste Bahia
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
(Gregório de Mattos)


Até ai tudo bem, tudo dentro do normal mas a historia começa com o que veio depois: a faixa também chamada “Triste Bahia” de um dos álbuns mais obscuros de Caetano, Transa que hoje trago aqui. Que tesão! Eu não estava esperando, sei La meu, era uma aula de literatura! E aquele foi um momento realmente único. Quem baixou ou já ouviu Triste Bahia sabe, a música é gritante, estrondosa, bem experimental e longa, bem longa, resumindo: foram 10 minutos incrivelmente longos e constrangedores pra maioria dos meus colegas, enquanto três ou quatro, incluindo eu, se comunicavam sem palavras, olhares ou gestos.
É assim mesmo, ninguém nasce sabendo falar, ninguém nasce sabendo ouvir.... e eu me incluo ai, até hoje não consigo assistir os filmes do Allen ou do Kieslowski. Mas enfim na época eu ja tinha conhecido Creedence, Vangelis, Phillip Glass, já tinha perdido o prepúcio e compreendi muito bem o momento desta experiência, a lógica estrondosa da reciclagem do poema de Gregório, que apontava a decadência econômica de Salvador para o momento ditatorial que o Brasil vivia quando o disco foi lançado. E tempos depois, graças a esta experiência achei e compreendi o poema de Proust da primeira publicação aqui do Peixaria, pedra filosofal do blog.


As pessoas se perguntam porque a música popular brasileira tinha tanta qualidade, tanto conteudo na época da ditadura mas a resposta é obvia: corpos estampando os jornais de domingos, amigos sumindo, estudantes assaltando banco, se armando nos campos, não tinha como soltar um "Sou o seu bizerro cantando mamãe" toda hora. Eles cantavam "Calice", "Chame ladrão!", " Cai um Rei de Espadas" e Caetano não fez diferente, gritando "Mas as pessoas da sala de jantar" e assim como outros foi preso, sim, a música Terra é forçada pois ele deve ter ficado dias na cela, mas ele foi mesmo preso e depois, exilado para... Londres.
Estamos no ano doido de 1969: Caetano Gil, Londres... aquilo devia ser um fuzuê danado mas não deu nem tempo pra encarar aquela droga que eles chamam de culinaria inglesa: o rosbife! e Caetano conseguiu permissão para retornar ao Brasil pra assistir a missa comemorativa dos 40 anos de casados de seus pais, um rolo assim.
O fato é que em agosto de 1971, Caetano pegou o avião, desceu em solo tupiniquin e claro, já começou a desorganizar. Tocou, destocou, mandou tocar e no meio de tudo, indo bater o cartão no barraco dos milico deu que foi convidado pelos próprios para homenagear a Rodovia Transamazonica, umas das maiores cagadas dos verde-oliva, em uma nova música.
Quem entendeu já ligou: eu não sei qual foi a resposta do baiano mas parece que ele resolveu...uhum...aproveitar a inspiração dos milicos porque em 1972, já de volta ao Brasil, muito malandro, Caetano trouxe na mala este album que penduro hoje: Transa.
Como se quisesse reparar a visão melancolica de uma Londres chuvosa, esnobe e fria que Caetano deixara no album Caetano Veloso, gravado alguns meses antes, Transa, gravado ainda em Londres, no ano de 1971, mantem um tom agitado, experimental, refletindo uma cidade em plena explosão cultural.
Transa, apesar de ser considerada pela critica como uma das 10 maiores obras da MPB, elogiada por sua incrivel riqueza musical, só de relance: citando Gregorio de Matos em "Triste Bahia", Monsueto Menezes em "Mora na Filosofia", puxando um Beatles em "Nostalgia", e fechando com chave de ouro: reverenciando o Reggae, muito antes de qualquer um que você ja tenha ouvido falar (como ele gosta de enfatizar), em "Nine Out of Ten"... talvez ofuscada pelo Tropicalismo (movimento musical no qual Caetano iria se envolver mais tarde) é uma pérola pouco conhecida até pelos proprios fãs do cantor baiano, mas que vale a pena ser conferida.






Músicas:

1. You Don't Know Me
2. Nine Out of Ten
3. Triste Bahia
4. It's a Long Way
5. Mora na Filosofia
6. Neolithic Man
7. Nostalgia

Baixar.